Bem, estive um bom tempo sem escrever por aqui. Não por falta de assunto, mas talvez por falta de vontade de escrever mesmo. Falta de vontade de me expressar de forma objetiva... ou subjetiva, de qualquer modo. E aqui está, se alguém ainda se der ao trabalho de visitar essa página, um novo
post, mais de um mês depois do último.
Didi Mocó e a guerra pelas batatas
Creio que gostaria de falar de outra coisa, mas sinceramente não vejo como fugir desse assunto, embora esse conflito me pareça tão ridículo que não consigo me preocupar com ele. Está em todos os lugares, em todos os meios (menos em meus preciosos canais de TV por assinatura...
god bless the Warner Channel).
Sabe, o que mais me incomoda em tudo isso é a cara-de-pau do governo americano. Dizer que é uma guerra contra o terrorismo, que lutam para preservar a liberdade do povo americano e que fazem um favor para o resto do mundo, mesmo sem se preocupar com nada que esteja além de suas fronteiras territoriais. Afirmar nacional e internacionalmente que não lutam por "questões petrolíferas", mas sim pela segurança do modo de vida americano parece pura hipocrisia pra mim. Claro, não tenho uma visão privilegiada da situação, já que prefiro "me alienar" com assuntos bem menos nobres ou importantes, como "o que vai acontecer no próximo episódio de Friends" - mas acho que é quase uma unanimidade em todo o mundo "extra-SAMita" essa reação de apatia e desprezo em relação ao presidente da "polícia do mundo". Aliás, vendo o pronunciamento pós-ataques essa madrugada, me dei conta de como George W. Bush se parece com o Renato Aragão. De cara e de coração também, cada vez mais...
E como muitos já leram por aí, inúmeros restaurantes e lanchonetes americanos trocaram "french fries" por "freedom fries" e "french toast" por "freedom toast". Mais hipocrisia por aí... de onde eles conseguem tirar tanta? Será que existem poços de hipocrisia nos desertos americanos? Eles poderiam começar a exportar hipocrisia e criar uma balança comercial mais favorável para adquirir o petróleo cotado em Euro. Exportam hipocrisia para os países do Oriente Médio em troca do precioso "suco de pedra". 40 Euros o barril. Será que pega?
Se eu fosse a autoridade máxima francesa, mudaria o nome da França pra Freedom, Liberdade ou qualquer coisa assim. Só pra fazer os americanos mudarem o nome das suas guloseimas preferidas mais uma vez. Não está longe disso, já que o
slogan da revolução francesa era "liberdade, igualdade, fraternidade". Eles gritavam liberdade antes dos americanos. Mas é claro, foram os americanos que realmente conseguiram mostrar ao mundo (ainda que debaixo de mísseis
Tomahawk) o verdadeiro significado da palavra liberdade. E também inventaram a roda, o fogo, e pintaram o céu de azul.
Antes de mudar o nome das batatas, eles deviam lembrar que o maior símbolo da américa foi construído e presenteado ao grande gigante da liberdade por franceses.
Talvez tenha sido apenas uma má escolha do nome... Eles podiam ter mudado pra "hipocrit fries", ou "brasil-is-in-africa-and-they-speak-spanish fries". Quem sabe até "I'm-so-damn-ignorant fries". "who-cares-about-the-environment fries", "we-know-what's-best-for-you fries", "we're-so-wealthy fries". Só espero que, quando essa palhaçada acabar, exista ainda alguma batata para se fritar. Porque se o conflito causar uma crise nos poços batatíferos do oriente médio eu vou é ficar muito puto.